O diabo-da-Tasmânia (Sarcophilus harrisii), o maior marsupial carnívoro vivo, é um ícone da vida selvagem australiana, conhecido por seu temperamento feroz, seu grito arrepiante e seu apetite voraz. Embora seu nome sugira uma criatura assustadora, este animal noturno desempenha um papel crucial no ecossistema da Tasmânia e possui uma série de características fascinantes que o tornam verdadeiramente único. Prepare-se para desvendar os mistérios por trás desse marsupial intrigante.
1. Um “Diabo” de Nome, Mas Vital para o Ecossistema
O apelido de “diabo” foi dado pelos primeiros colonizadores europeus, que ficaram impressionados com seus sons estridentes, sua agressividade ao se alimentar e seu comportamento noturno. No entanto, longe de ser uma criatura puramente maligna, o diabo-da-Tasmânia é um necrofágico essencial para o ecossistema da Tasmânia.
Atuando como um “limpador” da natureza, ele se alimenta principalmente de carcaças, ajudando a prevenir a propagação de doenças e a manter o ambiente limpo. Sua dieta é variada e inclui quase tudo que consegue encontrar, desde aves e pequenos mamíferos até répteis e insetos. Sua capacidade de consumir quase todos os restos de um animal, incluindo ossos e pelos, o torna incrivelmente eficiente em sua função ecológica.
2. A Mordida Mais Forte Entre os Mamíferos Terrestres (Proporcionalmente)
Não se deixe enganar pelo seu tamanho relativamente pequeno (comparável a um cão pequeno). O diabo-da-Tasmânia possui uma das mordidas mais fortes entre os mamíferos terrestres, proporcionalmente ao seu tamanho corporal. Seus dentes e mandíbulas são incrivelmente poderosos, permitindo-lhe esmagar ossos e rasgar carne com facilidade.
Essa força na mordida é uma adaptação crucial para sua dieta de carcaças. Ele consegue morder através de ossos grandes de ovelhas e até mesmo wallabies, garantindo que nenhum pedaço de uma refeição seja desperdiçado. A força de sua mordida é tão impressionante que já foi comparada à de um crocodilo, considerando o tamanho do animal. Essa característica o ajuda a dominar suas presas e a defender seu alimento de outros animais.
3. Ameaçado por um Câncer Contagioso
Infelizmente, o diabo-da-Tasmânia enfrenta uma das maiores ameaças à sua existência: uma doença contagiosa e fatal conhecida como Doença do Tumor Facial do Diabo (DTFD). Essa doença é um câncer transmissível que se espalha através da mordida, durante brigas e acasalamentos.
A DTFD causa tumores massivos no rosto e na boca dos animais, impedindo-os de comer e levando à morte por inanição em poucos meses. Desde que foi descoberta em meados da década de 1990, a doença dizimou cerca de 90% da população de diabos-da-Tasmânia em algumas áreas, levando a espécie a ser classificada como “em perigo” na Lista Vermelha da IUCN. Cientistas e conservacionistas estão trabalhando intensivamente para encontrar uma cura, desenvolver uma vacina e criar populações saudáveis em cativeiro para garantir a sobrevivência da espécie.
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4. Um Marsupial Noturno e Solitário
O diabo-da-Tasmânia é predominantemente noturno e solitário. Ele passa o dia escondido em tocas, sob arbustos densos ou em troncos ocos, emergindo ao anoitecer para caçar e forragear. Sua visão noturna aguçada e seu olfato altamente desenvolvido são essenciais para encontrar comida no escuro.
Embora solitários na maior parte do tempo, eles se reúnem em carcaças grandes, onde podem ocorrer confrontos ruidosos e agressivos pela comida. Esses encontros são marcados por vocalizações altas, rosnados e gritos que, combinados com a escuridão da noite, contribuem para sua reputação “diabólica”. Após a refeição, cada diabo geralmente segue seu próprio caminho novamente.
5. Ciclo de Vida Rápido e Mães Superdedicadas
O ciclo de vida do diabo-da-Tasmânia é notavelmente rápido, o que é uma característica comum entre muitos marsupiais. As fêmeas alcançam a maturidade sexual com cerca de dois anos de idade e podem ter várias ninhadas ao longo de sua vida. Após uma gestação de apenas 21 dias, elas dão à luz filhotes minúsculos e subdesenvolvidos, do tamanho de um grão de arroz.
Esses minúsculos filhotes rastejam até a bolsa da mãe (o marsúpio), onde se fixam a uma das quatro tetas. Apesar de poderem nascer até 20 filhotes, apenas os poucos que conseguem chegar à bolsa e se fixar sobrevivem. Eles permanecem na bolsa por cerca de três a quatro meses, alimentando-se e crescendo, antes de emergirem como miniaturas de seus pais. A mãe então continua a cuidar deles por mais alguns meses antes que se tornem independentes.
O diabo-da-Tasmânia é um animal de contrastes: feroz e vital, ameaçado e resiliente. Qual dessas curiosidades sobre ele você achou mais instigante?