O axolote (Ambystoma mexicanum) é um anfíbio neotênico único, parente das salamandras, mas com uma característica que o diferencia da maioria dos seus semelhantes: ele passa a vida inteira em sua forma larval aquática, sem sofrer a metamorfose completa para uma fase terrestre adulta. Nativo dos lagos e canais do México, especialmente do Lago Xochimilco, este “peixe-andante”, como é carinhosamente chamado, é um verdadeiro prodígio da natureza, com habilidades que intrigam cientistas e encantam entusiastas. Conheça cinco fatos curiosos que fazem do axolote uma criatura realmente extraordinária.
1. Um “Peter Pan” Aquático: A Neotenia
A característica mais marcante do axolote é a neotenia, o que significa que ele retém suas características larvais (como as brânquias externas plumosas e a barbatana dorsal) mesmo após atingir a maturidade sexual. Diferente de outras salamandras que perdem as brânquias e desenvolvem pulmões para viver em terra, o axolote permanece aquático por toda a sua vida.
Essa persistência da fase larval é o resultado de uma glândula tireoide que não produz o hormônio necessário para desencadear a metamorfose. Em condições experimentais de laboratório, é possível induzir a metamorfose do axolote com a administração de iodo ou tiroxina, fazendo-o perder suas brânquias e desenvolver pulmões, transformando-o em uma salamandra mais parecida com as terrestres. No entanto, essa transformação raramente ocorre na natureza e pode encurtar significativamente sua vida. A neotenia permite que ele prospere em seu ambiente aquático, onde encontra alimento abundante e proteção.
2. O Superpoder da Regeneração Total
Se o axolote tivesse um superpoder, seria a regeneração. Este anfíbio possui uma capacidade de regeneração que é invejável e quase sem paralelos no reino animal. Ele pode regenerar não apenas membros perdidos, como patas e cauda, mas também órgãos vitais, partes do cérebro, medula espinhal, mandíbula, e até mesmo olhos e pedaços do coração. E o mais impressionante: ele faz isso sem deixar cicatrizes!
Essa habilidade tem sido um foco intenso de pesquisa científica. Os cientistas estudam o axolote para entender os mecanismos moleculares e genéticos por trás dessa regeneração perfeita, esperando aplicar esse conhecimento em tratamentos médicos para humanos, como a reparação de tecidos lesionados ou a criação de novas terapias para doenças degenerativas. A capacidade de “reconstruir” partes complexas do corpo de forma impecável torna o axolote uma chave vital para desvendar os segredos da medicina regenerativa.
3. Em Perigo Crítico de Extinção
Apesar de sua popularidade como animal de estimação em aquários e seu uso em pesquisas, o axolote selvagem está em perigo crítico de extinção. Sua população natural é extremamente pequena e restrita a alguns lagos e canais remanescentes no México, principalmente o Lago Xochimilco, que faz parte da Cidade do México.
A principal ameaça à sua sobrevivência é a perda e degradação de seu habitat devido à urbanização, poluição da água e drenagem dos lagos. A introdução de espécies invasoras, como carpas e tilápias, que competem por alimento e predam os ovos e filhotes de axolote, também contribuiu significativamente para o declínio de suas populações. Esforços de conservação estão em andamento para proteger os habitats restantes e desenvolver programas de reprodução em cativeiro, visando reintroduzir esses anfíbios na natureza e evitar que essa espécie incrível desapareça para sempre.
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4. Um Sorriso “Permanente” e Brânquias Felpudas
O axolote é frequentemente reconhecido por sua aparência adorável e única. Ele possui uma boca que parece exibir um sorriso permanente, dando-lhe uma expressão curiosa e cativante. Além disso, suas brânquias externas, que se assemelham a penas ou galhos, são uma de suas características mais distintivas.
Essas brânquias são vermelhas (devido à riqueza de vasos sanguíneos) e servem para extrair oxigênio da água, permitindo que o axolote respire submerso. A cor e o tamanho das brânquias podem variar dependendo da saúde do animal e da qualidade da água; em águas com baixo teor de oxigênio, as brânquias tendem a ser maiores e mais ramificadas para maximizar a captação de oxigênio. Existem diferentes variações de cores de axolotes, incluindo o selvagem (marrom-esverdeado), leucístico (rosa claro com olhos escuros), albino (branco com olhos vermelhos) e melanóide (preto).
5. Dieta Carnívora e Olfato Afiado
Apesar de sua aparência calma e pacífica, o axolote é um predador carnívoro. Sua dieta consiste principalmente de pequenos invertebrados aquáticos, como vermes, insetos, pequenos peixes e até mesmo outros anfíbios menores. Eles são caçadores de emboscada, geralmente esperando que a presa passe por perto para, então, sugá-la rapidamente para dentro de sua boca.
O axolote não possui dentes afiados, mas tem pequenas projeções cartilaginosas que ajudam a segurar a presa antes de engoli-la inteira. Eles dependem muito do seu olfato apurado para localizar o alimento na água, especialmente em ambientes onde a visibilidade pode ser limitada. Em cativeiro, são alimentados com uma variedade de rações específicas, vermes e camarões, imitando sua dieta natural.
Qual dessas curiosidades sobre o axolote você achou mais surpreendente?